domingo, 15 de maio de 2011

EU, QUE NÃO ACREDITAVA EM MAIS NADA – 24 HORAS PARA ACREDITAR - A DESPEDIDA




Na mesa do café da manhã, relembraram os bons momentos. Ela ainda estava extasiada.
Agora vive com ele o outro lado da história, o momento cotidiano, sem o glamour e a euforia que a noite oferece. Ela adorava cada segundo.
Degustaram os sabores, fartaram-se, nutriram-se... de lá foram direto para a piscina, a água era gelada, mas o sol aquecia seus corpos. Passaram algum tempo ali somente conversando. Eles se importam com que o outro diz, querem ouvir, querem falar, querem sorrir.
As horas passavam rapidamente, voltaram para o quarto. Antes do check-out, pausa para relaxar mais um pouco. Viram fotos, assistiram a um filme.
Inexplicável foi vê-lo deitando em seu colo. Ela tinha nas mãos o homem que mais desejou.
Tanta ternura e ela por um instante quis protegê-lo, cuidar dele. Assim o fez, transmitindo tudo o que possuía de bom naquele momento.
Quase uma hora se passou quando ela se deu conta de que chegava a hora de ir.
Por sua cabeça, um turbilhão de pensamentos, mas ainda havia uma euforia que gradativamente se misturava com sentimentos de perda.
A programação ainda não havia terminado. Aventuraram-se mais. Chegaram ao shopping, tomaram um café e aguardavam o horário do cinema. O título do filme não corresponde a magnitude das cenas. “Água para Elefantes” foi a escolha da vez.
Pipoca, pimenta, refrigerante, chocolate, água. Tudo em perfeita sintonia.
E por falar em sintonia... os passos, os olhares, as conversas, os sorrisos...
Por um instante se deu conta da grandeza de suas sensações. Ela nunca sentiu-se tão livre.  Desfilou com ele pelas ruas da cidade. Quem os viu talvez não tenha entendido o que acontecia ali. Nem eles entendiam, apenas... “carpe diem”!
Durante o filme, as cenas se misturaram. O último diálogo a fez cair em si, o personagem principal disse: “Estou voltando pra casa”. E quando as luzes se acenderam seu coração doeu, sua aventura romântica também havia acabado.
Ainda aproveitaram intensamente os momentos finais. Ela o levou àquela rua, deixou-o no portão. No caminho um silencio profundo se fez presente. Era como se ele ouvisse os gritos vindos da alma dela.   
Um beijo, um abraço apertado, o aceno da despedida. Testemunhas? Somente um cão – o mais simpático e fofo que ela já conheceu.
Partir era muito mais que uma despedida. Partir era retornar pra vida real, uma vida que ela ama, a vida que a faz feliz. Partir era a euforia da aventura concretizada, a certeza de que aqueles momentos jamais seriam esquecidos ainda que nunca mais ocorressem.
Partir provocou-lhe medo, justamente porque talvez estes momentos nunca mais ocorram.
Partir deu-lhe esperança. Partir a fez acreditar – ela era incrédula – lembra? Mas sua crença se refez diante das impossibilidades. Nada tão contraditório, nada tão real.
E eu, que não acreditava em mais nada... tenho que admitir que a beleza da vida está justamente em viver o improvável e que acreditar é extremamente necessário.
Adriana ToRRe

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