segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ESPERO

Pele, cheiro e cor. Tudo misturado.
A sua imagem remete-me a um momento único. 
Graça e alegria invadem minha alma, tantas vezes repleta da miséria humana.
Quisera eu viver, sentir e amar na medida que me foi concedido.
Quisera eu, ainda ter teu gosto encravado no meu paladar.
Homem, mulher... segredo e mistério. Desejo do novo mas já conhecido e da leveza ardendo à flor da pele.
Ah... não adianta insistir. Se sou tua, o sou! Mas se não sou, esquece teu desejo porque minha alma só existe na liberdade de poder escolher.
E enquanto eu não te pertenço, vivo na luta constante de não esquecer tudo aquilo que já não reside em mim.
Na essência da minha alma e na virtude de buscar meu melhor sonho, ainda encontro nos meus desejos mais íntimos a tua companhia.
Desejo que meu ser encontre no teu, morada duradoura, daquelas que nunca se quer deixar, de onde jamais se desejou sair.
Desejo que no teu colo ardente eu repouse e a exaustão de te amar se torne meu vício de sorrisos diários.

AdRiAnA rIbEiRo

domingo, 17 de agosto de 2014

SOMOS TODOS TRAIDORES


A dor chega de repente, ela invade, arromba, amedronta, tira o ar, o fôlego, o chão.
Ela dói, mói, remói e destrói... é uma dor incompatível com a paz.
Traições surgem sem precedentes, sem pestanejar. Sua forma e intensidade dependem de quem, com quem e o que se traiu.
Traição não vem somente das relações amorosas. Ela pode nascer no ambiente de trabalho, criar espaço na amizade, no meio familiar. Não importa aonde, quando chega, ela reina!
A traição é inconfundível.
Sua dor é destrutiva e as reações são surpreendentes: ira, choro, vingança, mágoa, descrença...
Passado o tempo, algo pode mudar, alguns buscam perdoar, outros remoem uma dor que faz a imaginação aflorar, o estômago virar do avesso, o sono ir embora.
Mas nada se compara à clássica traição do amor. Saber que aquela boca, pele e corpo que você ama e cuida, aquela intimidade que era só tua, já não é mais, agora grita exposta a outra boca, pele, a outro corpo.
Que sentimento é esse que nos faz tão donos exatamente daquilo que jamais foi ou poderia ser nosso?
A outra pessoa NUNCA é nossa. Podemos chamar de meu marido, minha namorada, meu/minha amante... Somente o pronome é MEU, a pessoa não.
Somos do outro e o outro é nosso até o limite de cada vontade. E ainda que muitos resistam ao chamado ato de trair, é fato que as mentes não têm fronteiras, os pensamentos vagam e dispersam-se no despudor de desejos que urgem.
Se traímos nosso parceiro, somos censurados. Se a traição for feita pela mulher, imediatamente é condenada, nem precisa de julgamentos. A mulher que trai tem sua sentença pronta. O homem que trai, via de regra, tem sua desculpa pronta.
Mas se resistimos ao ato, acabamos por trair nossos pensamentos, traímos os nossos desejos e por consequência traímos a nos mesmos.
Do próximo ou de si próprios, em algum momento, somos todos traidores.
A ótica dos julgamentos é bem distinta. Quem trai o próximo recebe intolerância. Quem trai a si mesmo é quase canonizado por resistir duramente aos prazeres do mundo.
Nada de apologias aqui.
Não é bom trair.
E seria impossível narrar todas as razões pelas quais os amantes se prostram.
Trair dói, machuca, maltrata quem é traído, entristece e marca quem trai.
Traidores às vezes se arrependem, às vezes viciam.
Traídos às vezes perdoam, às vezes se vingam.
Quem nunca traiu o outro, certamente tem grande chance de ter traído a si mesmo.
Em maiores ou menores proporções, culpados ou quase inocentes, certos ou ligeiramente errados, somos todos traidores.


AdrIAnA rIbEIrO