domingo, 17 de abril de 2011

NOVA COLABORAÇÃO - "EU NÃO QUIS ACREDITAR"

Hoje nosso blog estará mais completo. Recebemos uma nova colaboração que traz grande aprendizado: "Aquilo que não foi nunca poderia ter sido". 
Comungo do mesmo pensamento que o seu caro amigo. As vezes temos que aceitar o que não está sob nosso controle ou o que simplesmente não era pra ser.
Obrigada Querido! Segue...

"EU NÃO QUIS ACREDITAR"

Tudo se passou em meados de 2005. Havia acabado de sair de um relacionamento que havia me destruído emocionalmente. Me destruído não pela constatação de que a relação não era possível. Me destruído porque deixar tudo aquilo para trás era muito difícil. Mesmo quando a constatação de que não dá certo nos vem clara à mente, deixar toda a história boa que construímos juntos é algo assustador.
Minha vida havia mudado drasticamente. Sai da cidadezinha de infância, estava estudando numa universidade pública de respeito e trabalhando numa instituição que, naquele momento, me dava a segurança necessária para fazer o que queria. Tudo mudado, tudo muito conturbado e tudo meio suspenso no ar, inclusive meus sentimentos.
Neste meio tempo conheci uma pessoa super mega legal. Como em todo final de relacionamento, decidi não me aventurar a mais nenhum romance. Apesar disso, nossa química sempre foi muito boa. Saíamos, conversávamos, sempre estávamos lado a lado. E como não poderia deixar de ser diferente, me encantei. Aliás, o encantamento era recíproco. Estava no olhar, na respiração.
Mas havia um problema. Seu mundo era outro. Eu buscava algo melhor para a minha vida e ela, já tinha uma estrutura sólida. Estava se formando em biomedicina, a família tinha uma estabilidade que permitia pagar os estudos sem problemas e, aquilo, me deixou um pouco com medo. Além do que ela era bem mais nova do que eu.
Desde sempre fui humilde. Sempre precisei fazer as contas para ter as coisas. Eu me assustei.
No dia que era para ser o início, alguma coisa aconteceu. Havíamos combinado de nos encontrarmos num evento de música regional. Estava lotado. Toda a família dela estava lá. Pai, mãe, avós, irmão... Todo mundo. Todos me conheceram (os que eu ainda não havia visto) e me receberam muito bem. Estava tudo perfeito. Ela estava linda. Nunca a havia visto daquela maneira. Estava doce, muito contente e totalmente entregue aquele início. Fomos dar uma volta no campo sob a luz da lua. Mais uma vez o universo parou. Eu sei, tenho certeza... Ela esperou meu beijo. Mas recuei. Recuei e não sei por que. Recuei como em algumas vezes fiz em minha vida. Alguma coisa me fez tomar aquela atitude. Racionalidade? Não sei. Irracionalidade? Não sei.
O clima estava ótimo... Mas não rolou. Não rolou. Eu não sabia o que sentia por ela, apesar de saber que era bom. Mas, simplesmente não rolou.
Ao final da noite deixei-a com os pais e fui embora. Tinha vontade de correr e nunca mais olhar para trás. Sabia que minha história anterior ainda me machucava. Eu estava fechado. Essa era a certeza.
Foi a última vez que nos falamos abertamente. No dia seguinte ela me telefonou e deixou no ar o fato de eu tê-la deixado “escapar”. Eu me odiei como as vezes me odeio hoje em dia.
Aquilo não havia durado dois meses. Sem qualquer toque, sem qualquer beijo, sem qualquer... Apenas olhares, apenas sorrisos, apenas lindas expressões, apenas a vontade de algo que não aconteceu. Apenas um extrato do que poderia ter sido mais não foi.
Depois disso eu mudei a vida dela. De verdade. Ela não estava conseguindo realizar seu maior sonho que era fazer medicina. Havia tentado várias faculdades e não estava vendo perspectivas, estava desanimada. Eu fazia fisioterapia na época e a minha fisioterapeuta tinha uma filho que cursava medicina no Rio de Janeiro. Ela me deu o telefone dele. Através deste contato, em menos de quinze dias ela reprogramou toda a vida e conseguiu enfim entrar na faculdade de medicina. Eu também reprogramei a minha.
Até hoje quando falo com ela, seja no aniversário dela, seja no meu, seja pela internet (nunca mais nos vimos pessoalmente e nunca mais nos falamos constantemente, aliás, quase nem nos falamos), ela faz questão de deixar seu agradecimento por eu ter influenciado diretamente na sua vida. Sempre me agradece. Sempre agradece.
Estes dias me falou que está prestes a se formar. Esta morando em São Paulo e super feliz da vida. Fiquei contente como sempre. Fiquei feliz em saber que seu sonho está sendo vivido. É muito bom quando podemos viver nossos sonhos.
Aquilo que não foi nunca poderia ter sido. Aprendi! Assim espero!

A.N.C. de C. de Vassora

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