Sinto
saudades de ti, de tudo o que vivemos, mas inexplicavelmente sinto muito mais
pelo que ainda iríamos viver.
Saudade daquele
começo de semana, onde os quilômetros diminuíam à medida que minha ansiedade
aumentava.
Saudade do
trabalho corrido pra logo mais eu me preparar inteira pra você.
Saudade de
toda expectativa criada a cada novo encontro. Do caminho que eu já havia
aprendido. Do toque no celular e do coração disparado em frente ao teu portão.
Saudade daquele
latido e da fiel companhia do cão mais lindo que eu já conheci.
Sinto saudade
do primeiro abraço depois de 15 dias sem se ver.
Saudade da
nossa companhia, do cotidiano doméstico, do passeio de carro, de escolher frutas
no mercado, do teu sorriso.
Saudade das
horas na mesa, das histórias do sul e da tua família que mesmo sem conhecer eu
quis fazer parte.
Saudade de ter notícias do seu pai, sobre a saúde do seu sobrinho, o novo bebê que está a caminho, da mudança de sua irmã...
Saudade do
pote de mel que você encomendou pra mim.
Saudade das
tuas perguntas sobre nós e das tuas dúvidas sobre o meu amor.
Saudade de
ir pra cama, só pra continuar a nossa conversa, só pra me deitar nos teus
braços, só pra olhar pra tua cor contrastando com a minha.
Saudade do
tesão intenso que eu tinha por ti e da certeza que era só no teu corpo que o
meu se aquietava.
Saudade de
dormir de conchinha e daquele galo dizendo que já era hora de acordar.
Saudade do café
da manhã que você fazia pra nós e do principal ingrediente que o deixava ainda
mais saboroso: o amor.
Ah! Saudade do
amor que eu alimentei por você. Saudade do amor que desejei que você tivesse
por mim.
Saudade da
alegria de saber que ainda tínhamos mais um dia.
A despedida também
me traz saudades, porque ela sempre teve o tom da volta, a esperança do
reencontro.
Saudade de
todas as músicas que me levaram de volta pra casa pensando em você. De todos os
sorrisos que espontaneamente esbocei quando me lembrei de nós.
Saudade de
esperar tua mensagem sabendo que ela viria, mesmo que demorasse.
Saudade dos
planos que eu fazia toda semana esperando que você aceitasse.
Saudade de
te encontrar aqui e te mostrar que no meu mundo cabia você.
Saudade do
treino, do clube, da piscina, da água gelada e do sol aquecendo nossos corpos.
Saudade do
açaí antes de pegar estrada de novo.
Saudade de
todos os meus argumentos pra te convencer que ser amado é delicioso.
Saudade das madrugadas
de sexta-feira em que, enquanto você trabalhava, eu te pedia em casamento. Saudade
dos teus “sins” e dos “lógicos”.
Saudade da
rua das brisas e de todas as alterações que ainda faríamos no projeto da nossa
casa.
Saudade da
área, da cadeira e do chimarrão. Saudade da nova família.
Saudade da
casa que ainda não existe, lar de um amor que não sobreviveu.
Saudade de
soltar pipa e de admitir pra minha filha que eu realmente gostava de você.
Saudade da água de Ibirá e do
churrasco gaúcho naquela tarde em que viveríamos 100% qualidade de vida.
Saudade de
todas as viagens que não fizemos, mas que planejei uma a uma.
Saudade de Valença,
de Bagé, de Porto Alegre, do Guarujá e de Paris.
Saudade de
visitar o Museu da Aviação, te filmar no long e do passeio de moto que você
me prometeu.
Saudade de
te deixar ir trabalhar e continuar dormindo.
Saudade da
comida japonesa, do frango, da batata doce e até da esquecida tequila.
Saudade daquela
dança que você nunca fez pra mim. E da mídia que transformou meu corpo com teu
incentivo.
Saudade da
mulher apaixonada que fui, do amor que desejei, do homem que implorei que você
fosse pra mim.
Saudade de
me esquivar de uma cantada, de recusar qualquer convite porque eu tinha você.
Saudade da
lealdade que tive com a nossa história e de me surpreender com as suas
mudanças.
Saudade dos últimos 600 dias.
Hoje,
tentando entender como seria possível sentir saudade de tantas coisas que não vivi,
chego à conclusão que tudo foi vivido em plenitude dentro de mim.
No auge da
minha loucura, vivi a história que somente eu alimentei. Acreditei num amor que
só vivia em mim, acreditei em você que não existia, salvo nos meus sonhos,
salvo nos meus desejos, exceto no meu futuro incerto.
Sinto saudade
do espaço que você ocupava, do amor que eu lhe dediquei e do homem que você
poderia ter sido.
Saudade de
um amor plantado e nutrido somente no meu presente.
Saudade sim,
de um amor sem futuro.
AdrIAnA rIbEIrO
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