sábado, 20 de junho de 2015

PRESENTEAR

A simplicidade do seu olhar me trouxe de volta um mundo menos cruel, com mais doçura e mais sentimentos.
Você chegou como quem não quer nada, arrancou meu sorriso e me fez leve.
A dança nos uniu, mas ela foi somente o início de tudo.
Descobrimos em nossas conversas um novo jeito de se fazer presente.
Você me fez companhia em longas viagens, em madrugadas, em tardes e noites.
Saber sobre o que você estava pensando e ouvir tua voz me levaram pra longe da solidão que eu havia escolhido.
Minha vida passou a ter fundo musical, alimentando ainda mais a saudade.
Saudade que não vai embora nem quando estamos juntos, mas que tem o dom de fazer os momentos figurarem em câmera lenta e se eternizarem dentro de nós.
Mas o que tenho observado é que bons relacionamentos sobrevivem por si só. Tempo e distancia são meros coadjuvantes frente ao nosso desejo de se fazer presente.
Os dias estão passando e - como mágica - se tornando mais leves.
Não tivemos pretensões lá atrás, mas agora tudo é tão natural que fazemos parte um da vida do outro e qualquer ausência é sentida.
Depois de amores doloridos, decepções e fazer de mim minha melhor companhia... chega você, feito brisa suave que torna o dia agradável, a noite mais aconchegante e transforma o caminho antes traçado sozinho, em desejo de seguir viagem a dois.
A vida é assim: surpreendente e assustadora.
Você diz cumprir todas as suas promessas. Nos tempos atuais, as pessoas nada prometem e quem promete geralmente não cumpre. Mas a possibilidade de você as cumprir me surpreende e me assusta.
Tuas promessas são as buscas que desisti de fazer. Elas refletem meu romantismo esquecido, meus sonhos guardados, meus desejos mais profundos.
Sempre acreditei que os relacionamentos humanos eram nossa escola aqui nesse plano, mas o relacionamento amoroso que eu conheci, não queria mais cursar.
Você deu nova roupagem aos sentimentos, colocou cor nos meus pensamentos e plantou sorrisos largos e fáceis.
O decorrer desta história? Ainda não sabemos. Desconhecemos o que é “meu”, o que é seu, o que é momentâneo e o que é “sempre”.
Mas eu sei que algo considerável mudou dentro de mim.
Hoje eu só quero que sejamos “presentes” um na vida do outro. Nem passado, nem futuro.
E que nossa presença, alegre o passar dos dias, fortaleça o exercício de amar, traga paz... e que sejamos assim - um dia de cada vez - agradecidos pela vida “nos presentear”.

AdRiAnA rIbEiRo



sexta-feira, 5 de junho de 2015

TANTO A PERDOAR...

Eu te perdoo por ter me feito crer em todas as culpas que senti,  por ter me castrado e me feito acreditar que tudo era pecado. 

Te perdoo porque você era tão certinho e por isso eu me sentia obrigada a te amar. 
Te perdoo porque ao seu lado passei toda minha adolescência sem experimentar  as travessuras dessa fase.  E te perdoo por me fazer amadurecer tão  cedo. Por me levar pra tão longe da minha alma. 
Te perdoo pela dificuldade que foi partir e pela visão triste e responsável demais sobre a vida.
Quero que me perdoe porque eu não consegui te amar pra sempre. Porque a faculdade,  os amigos e tudo foi mais interessante  que nossa história. Me perdoe porque parti sem dó. Porque achei outros meninos mais legais que você, porque tive desejo por outro homem e por ele ficou mais leve a partida. 
...
Eu te perdoo pela tua imaturidade e por não corresponder às  minhas expectativas. Te perdoo por ter usado droga,  ser preguiçoso  e desencanado de tudo. Por não levar nada a sério. Te perdoo porque você não quis grandes histórias  ao meu lado e te perdoo por ter me tirado a paz.
Me perdoe porque eu te julguei. Te quis moldar. Tive preconceitos. Perdoe as minhas neuras e minhas culpas recorrentes. 
...
Eu te perdoo pelas ironias...  por ter satirizado meu bem mais precioso. Te perdoo por ter me tirado do caminho,  por ter me feito pecar. Te perdoo por me iludir e me fazer acreditar que o tempo era curto.
Me perdoa porque não te amei,  porque te traí,  porque não me importei em te deixar esperando.
...
Eu te perdoo por todas as suas dúvidas. Por ter questionado a minha dignidade e minha palavra. Te perdoo por ter me amado de um modo sufocante e por ter me abandonado tantas vezes. Te perdoo pela sua fraqueza e pela sua postura extremamente conservadora.  Te perdoo pelo preconceito e por não ter me defendido. Porque preferiu o caminho mais fácil e porque não acreditou no meu potencial,  nem nos meus sonhos. 
Te perdoo porque me usou e me traiu.  Porque me deixou. Te perdoo por toda dor física que senti e pelos medos que me provocou. Te perdoo por me fazer sentir pobre também  na alma. Te perdoo por nunca ter tentado de novo e porque até hoje é o mesmo homem de tantos anos atrás.
Perdoe a minha ingenuidade e minha crença  nas pessoas. Perdoe meus sonhos de menina e as frustrações  que te causei. Me Perdoe toda culpa carregada nos ombros,  as lágrimas,  a depressão...  Me Perdoe ter te traído e ter te contado. Me Perdoe pelos anos de busca e insistência.
...
Eu te perdoo por ter me feito trair. Por ser uma farsa e pelas molecagens que me fez.
Me Perdoe por eu não ter te amado e por ter desistido fácil de nós dois.
...
Eu te perdoo  pela decepção  gigantesca e por ter matado todos os meus sonhos. Te perdoo por ter aproveitado e abusado da minha fragilidade,  assim como fez com meus pais.  Te perdoo pelos gritos,  pelas ofensas,  pelos medos,  pelas noites não dormidas e pelo sexo que você me obrigou a fazer. Eu te perdoo porque duvidou de mim e não respeitou minha condição  de mãe. Te perdoo por ter duvidado do meu trabalho e por ter se tornado um oportunista. Te perdoo pelo sua família e por todo tempo perdido. 
Eu te perdoo  pela agressão, pela ofensa pública e porque hoje você é  melhor do que já  foi comigo. Te perdoo pelo péssimo pai que foi e por ser tão fraco ao meu lado. Te perdoo por todos os copos que não lavou, todas as fraldas que não trocou,  todos os banhos que não deu e todos os passeios que não fez. 
Eu te perdoo por ter me perseguido e por toda culpa que me fez sentir pela minha desistência.
Me perdoe por eu não ser como sua mãe e por não suportar sua ira. Me perdoe pelo abandono,  pela indiferença e pela alegria da separação. Me perdoe pela paz que senti longe de ti e pelo amor que não sobreviveu. 
...
Eu te perdoo por ter me assustado e me sufocado com teu amor. Te perdoo porque um dia você desistiu e seguiu em frente sem mim.
Perdoe minhas incertezas e minha alma aventureira.  Perdoe as idas e vindas e por nunca ter te assumido. Perdoe minha falta de entendimento e minhas traições. Me perdoe ter te deixado e não ter te amado como você merecia. 
...
Eu te perdoo por não ter me amado como eu desejei.  Por não ter se rendido ao meu amor. Eu te perdoo por todos os textos sofridos,  toda dor e por tanta busca sem resposta. Eu te perdoo por você ter mentido,  ter fingido e porque não quis caminhar de mãos  dadas.  Te perdoo todo dinheiro gasto e por ter feito sempre eu meter os pés pelas mãos. 
Te perdoo pela saudade do meu futuro e pela vida que me fez sonhar mas não vivemos.
Me perdoe por ter te julgado mal,  por ser hipócrita e agressiva.  Me perdoe pelas palavras rudes que despejei em você. E  pela paixão louca que te sufocou. Me perdoe por ter desistido e voltado tantas vezes e por não ter tido condições de fazer você entender o quanto eu te queria.
Me perdoe porque não te tirei da sua luta e porque não facilitei sua rotina. Me perdoe ter te deixado na mesma casa,  no mesmo trabalho,  na noite. Perdoe porque meu amor não foi demonstrado suficientemente pra que você viesse comigo.
...
Eu te perdoo pela decepção vivida desde o início,  por toda sensação de traição,  ira e revolta. Te perdoo pela dor de cada uma de suas mensagens. Te perdoo porque você me fez promessas que nunca cumpriu e porque me encurralou. Te perdoo pelo seu preconceito,  pela sua raiva e por tantas vezes ter passado sobre mim feito um rolo compressor. Eu te perdoo por não ter amado meus filhos e por não nos levar pra você. Te perdoo pelo seu egoismo e seu radicalismo. Te perdoo por ter sido tantas vezes cruel e pela total falta de desejo. Te perdoo por ter me deixado só nos momentos mais difíceis.
Me Perdoe pela minha sagacidade. Perdoe minha palavra afiada e dura. Perdoe as cacetadas na alma e os murros no braço. Perdoe por eu não ser quem você gostaria e porque há tempo enxerguei quem você é. Me perdoe porque eu amo samba e não rock. Porque seus interesses não me interessam e pela alegria que sinto em te devolver na mesma moeda tudo que me fez.  Me perdoe porque meus olhos se abriram e hoje enxergo você e enxergo a mim mesma. Enxergo que você não cabe na minha vida e me perdoe por eu não caber na sua. 
Me perdoe por não querer ter um filho contigo e por me sentir tantas vezes satisfeita com suas quedas que ainda estão por vir. Me perdoe por não querer seu dinheiro,  nem a vida estável que você quis me dar. Perdoe-me não te vender minha alma,  nem abrir espaço pra você permanecer na minha vida. Me perdoe  pela vergonha alheia que senti e por ter usado teus erros como rota de fuga pra te abandonar. Me perdoe por ter me enganado a seu respeito,  a meu respeito e sobre os todos os nossos desejos. Perdoe por eu desistir de te amar.

AdRiAnA rIbEiRo


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

ESPERO

Pele, cheiro e cor. Tudo misturado.
A sua imagem remete-me a um momento único. 
Graça e alegria invadem minha alma, tantas vezes repleta da miséria humana.
Quisera eu viver, sentir e amar na medida que me foi concedido.
Quisera eu, ainda ter teu gosto encravado no meu paladar.
Homem, mulher... segredo e mistério. Desejo do novo mas já conhecido e da leveza ardendo à flor da pele.
Ah... não adianta insistir. Se sou tua, o sou! Mas se não sou, esquece teu desejo porque minha alma só existe na liberdade de poder escolher.
E enquanto eu não te pertenço, vivo na luta constante de não esquecer tudo aquilo que já não reside em mim.
Na essência da minha alma e na virtude de buscar meu melhor sonho, ainda encontro nos meus desejos mais íntimos a tua companhia.
Desejo que meu ser encontre no teu, morada duradoura, daquelas que nunca se quer deixar, de onde jamais se desejou sair.
Desejo que no teu colo ardente eu repouse e a exaustão de te amar se torne meu vício de sorrisos diários.

AdRiAnA rIbEiRo

domingo, 17 de agosto de 2014

SOMOS TODOS TRAIDORES


A dor chega de repente, ela invade, arromba, amedronta, tira o ar, o fôlego, o chão.
Ela dói, mói, remói e destrói... é uma dor incompatível com a paz.
Traições surgem sem precedentes, sem pestanejar. Sua forma e intensidade dependem de quem, com quem e o que se traiu.
Traição não vem somente das relações amorosas. Ela pode nascer no ambiente de trabalho, criar espaço na amizade, no meio familiar. Não importa aonde, quando chega, ela reina!
A traição é inconfundível.
Sua dor é destrutiva e as reações são surpreendentes: ira, choro, vingança, mágoa, descrença...
Passado o tempo, algo pode mudar, alguns buscam perdoar, outros remoem uma dor que faz a imaginação aflorar, o estômago virar do avesso, o sono ir embora.
Mas nada se compara à clássica traição do amor. Saber que aquela boca, pele e corpo que você ama e cuida, aquela intimidade que era só tua, já não é mais, agora grita exposta a outra boca, pele, a outro corpo.
Que sentimento é esse que nos faz tão donos exatamente daquilo que jamais foi ou poderia ser nosso?
A outra pessoa NUNCA é nossa. Podemos chamar de meu marido, minha namorada, meu/minha amante... Somente o pronome é MEU, a pessoa não.
Somos do outro e o outro é nosso até o limite de cada vontade. E ainda que muitos resistam ao chamado ato de trair, é fato que as mentes não têm fronteiras, os pensamentos vagam e dispersam-se no despudor de desejos que urgem.
Se traímos nosso parceiro, somos censurados. Se a traição for feita pela mulher, imediatamente é condenada, nem precisa de julgamentos. A mulher que trai tem sua sentença pronta. O homem que trai, via de regra, tem sua desculpa pronta.
Mas se resistimos ao ato, acabamos por trair nossos pensamentos, traímos os nossos desejos e por consequência traímos a nos mesmos.
Do próximo ou de si próprios, em algum momento, somos todos traidores.
A ótica dos julgamentos é bem distinta. Quem trai o próximo recebe intolerância. Quem trai a si mesmo é quase canonizado por resistir duramente aos prazeres do mundo.
Nada de apologias aqui.
Não é bom trair.
E seria impossível narrar todas as razões pelas quais os amantes se prostram.
Trair dói, machuca, maltrata quem é traído, entristece e marca quem trai.
Traidores às vezes se arrependem, às vezes viciam.
Traídos às vezes perdoam, às vezes se vingam.
Quem nunca traiu o outro, certamente tem grande chance de ter traído a si mesmo.
Em maiores ou menores proporções, culpados ou quase inocentes, certos ou ligeiramente errados, somos todos traidores.


AdrIAnA rIbEIrO

terça-feira, 27 de novembro de 2012

ÚLTIMAS PALAVRAS


Encerrando um ciclo importante e necessário da minha vida, decidi escrever não mais sobre sentimentalidades, mas sim sobre o que efetivamente toca meu coração agora.
Minha mente andou confusa. Há tempos alterno sentimentos contraditórios. Mas nos últimos dois meses, estou surpresa comigo.
Há uma paz não sentida antes. Há uma solidão planejada, desejada.
Ando me perguntando onde está todo aquele amor?
Um amor que me sufocava, me consumia, um amor-agonia...
Dois meses após o final dramático de um romance que entre idas, vindas e muitos quilômetros durou um ano e meio... estou querendo saber onde coloquei todo aquele amor, toda ausência, saudade, toda dor.
Já o senti algumas vezes muito próximo. É como se os seus pensamentos magnetizassem os meus.
Perco-me em pensamentos turvos. A rua das brisas vai acontecer sem ele!
Raiva daquele dia, daquela fraqueza e do seu próprio preconceito.
Senti raiva por ter-me deixado partir com tanto amor.
Ele cumpriu seu papel, deixou-me cair e não olhou para trás, seguiu em frente.
Eu, alternei meus pensamentos entre a crença e o desejo que ele voltasse, olhasse para trás, quisesse recuperar o que deixou partir.
Vi insegurança nos seus gestos, me decepcionei com seu silêncio.
Tudo terminou da mesma maneira que começou. Puto e pudico duelando. O puto venceu, estendeu sua mão e recebeu seu pagamento como na primeira vez.
Sei que nada acontece por acaso, por isso minha passividade.
Queria lhe dizer:
“Seguir em frente sem olhar para trás não é sinal de força. Tropeçar, cair, levantar, olhar ao redor, recolher o que é importante e somente então seguir. Os fortes não caminham sozinhos. São generosos. Dividem sua essência, partilham seus conhecimentos, seguem seu destino sem relutância, crentes num amor maior que desenha seus próprios passos. Os fortes amam e se permitem serem amados. Desistir do amor é desistir de si próprio...”
Desejo-lhe hoje o que tantas vezes já lhe desejei... luz para os seus olhos, discernimento aos seus ouvidos, sabedoria para seus lábios, paz em seu coração. Que tudo isso junto lhe traga felicidade!
Ciclo fechado. Vida nova gritando. E a certeza de que nada foi em vão porque mais insano seria não amar...

AdrIAnA rIbEIrO